O Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, será palco da exposição “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação” de 6 de fevereiro a 28 de julho de 2024. A mostra, tem a curadoria de Daiara Tukano, e apresenta uma perspectiva única sobre as línguas dos povos originários do Brasil e conta com uma novidade especial: o Manto Tupinambá, de Glicéria Tupinambá, estará em exibição antes de seguir para o pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza.
A exposição destaca a importância da cultura indígena como parte fundamental da riqueza imaterial brasileira. Emanoel Fernandes Jr., museólogo, antropólogo e coordenador de Museologia do Museu Paraense Emílio Goeldi, pontua a relevância deste evento.
Para Emanoel existe um consenso de que o Brasil é um país de língua portuguesa, mas, durante a colonização, a língua não foi assimilada de maneira sutil e nesse processo de trocas violentas, se esquece que na maioria das vezes que o Brasil é, na verdade, um país multilíngue. “Na minha opinião, a importância dessa exposição em parceria com o Museu da Língua Portuguesa reside justamente no reforço à ideia de que somos um país diverso por vocação, e que parte dessa diversidade reside nas cerca de 150 línguas indígenas remanescentes que ainda hoje são faladas em território nacional. É o caso, por exemplo, do estado do Amazonas que reconhece 17 línguas oficiais, das quais 16 são faladas por comunidades indígenas e seus descendentes”, destaca o especialista.
A exposição aborda a riqueza linguística dos povos indígenas, refletindo sobre as línguas como um patrimônio cultural acumulado ao longo de milênios. Em uma abordagem lúdica e interativa, os visitantes podem explorar diferentes espaços sem a necessidade de seguir um trajeto pré-definido, assemelhando-se a uma travessia por um “rio de palavras” escritas em diversas línguas indígenas.
Na sala “Floresta de Línguas Indígenas” a grande diversidade existente no Brasil é destaque, permitindo aos visitantes conhecer a sonoridade de diversas palavras. A sala “Língua é Memória” destaca os conflitos em territórios indígenas desde o século XVI até os dias atuais, contando com objetos arqueológicos, obras de artistas indígenas, registros documentais, mapas, recursos audiovisuais e multimídia.
Emanoel Fernandes Jr. enfatiza que estamos vivendo a Década das Línguas Indígenas no Brasil (2023 – 2033) e pontua o principal objetivo da exposição: “O patrimônio linguístico indígena e as múltiplas possibilidades que essas línguas detêm no sentido de comunicar sonhos, desejos e saberes são o foco principal. São um tesouro cultural acumulado ao longo de milênios e que seguem vivos no presente, revelando diferentes formas de ser e estar no Mundo”.
Para o museólogo, a curadoria de Daiara Tukano e a co-curadoria da antropóloga Majoí Gongora prometem uma exposição lúdica e interativa, ilustrada por objetos das coleções científicas do Museu Paraense Emílio Goeldi, datando desde o século XIX. “São itens de arqueologia, etnografia e de arte, além de registros sonoros, que convidam o visitante a refletir sobre o poder gerador da palavra ou, como o próprio nome da exposição sugere, como a palavra é capaz de dar sentido à experiência humana”, explica.
O “Nhe’ẽ Porã’ chega à Belém com novidades. O Manto Tupinambá, de Glicéria Tupinambá, fica em exposição junto com a mostra antes de embarcar para o pavilhão brasileiro da Bienal de Veneza. A peça é um símbolo da memória e da resistência do povo indígena Tupinambá.
A exposição conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, Grupo Volvo e Petrobras, com o apoio de Mattos Filho por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, além do suporte da UNESCO, em virtude da Década Internacional das Línguas Indígenas. Colaboraram também o Instituto Socioambiental, Museu da Arqueologia e Etnologia da USP, Museu do Índio da Funai e o próprio Museu Paraense Emílio Goeldi.
A exposição “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação” promete uma jornada única pela diversidade linguística indígena, convidando o público a explorar e compreender a riqueza cultural que se expressa por meio das línguas originárias do Brasil. Até o mês de maio a mostra estará aberta das 9h às 14h, com bilheteria até 13h. Depois de junho, das 9h às 16h, com bilheteria até 15h. Para acessar a exposição, basta pagar o ingresso do parque zoobotânico, que custam R$ 3 a inteira, e R$ 1,50 a meia.
Fonte: O Liberal
Foto: Bruno Cecim
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