Antecipando o Dia Mundial do Câncer (4), a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou nesta quinta-feira (1) um alerta sobre a crescente carga global da doença. Com base nas estimativas mais recentes, o relatório destaca não apenas o aumento nos casos, mas também a disparidade no acesso a serviços essenciais.

As projeções para 2050 apontam mais de 35 milhões de novos casos, o que representa um aumento de 77%. O impacto será mais severo em países de baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), onde a incidência deve aumentar em 142%. Enquanto os países de IDH alto experimentarão o maior aumento absoluto, com um adicional de 4,8 milhões de casos previstos.

“Este aumento não será uniformemente sentido entre os países de diferentes níveis de IDH. Aqueles com menos recursos sofrerão mais”, destaca o Dr. Freddie Bray, da IARC.

Em 2022, foram registrados 20 milhões de novos casos e 9,7 milhões de mortes por câncer. A preocupação é acentuada pela constatação de que a maioria dos países, de acordo com os resultados de uma pesquisa da OMS em 115 nações, não financia adequadamente os serviços prioritários e cuidados paliativos, como parte da cobertura universal de saúde (UHC).

O câncer de pulmão liderou as estatísticas, com 2,5 milhões de novos casos em 2022, seguido pelo câncer de mama (2,3 milhões) e colorretal (1,9 milhão). A mortalidade também foi encabeçada pelo câncer de pulmão, responsável por 1,8 milhão de mortes, seguido pelo colorretal (900.000) e câncer de fígado (760.000). A incidência e mortalidade variam por gênero, com o câncer de mama predominante entre as mulheres e o câncer de pulmão entre os homens.

O relatório revela desigualdades alarmantes em termos de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Em países com IDH alto, uma em cada 12 mulheres é diagnosticada com câncer de mama, enquanto em países de IDH baixo, a taxa cai para uma em cada 27 mulheres. No entanto, a mortalidade é mais alta nos países de IDH baixo, destacando a urgência de melhorar o acesso ao diagnóstico e tratamento nessas regiões.

A pesquisa global da OMS sobre Pacotes de Benefícios de Saúde (HBP) revela disparidades significativas. Apenas 39% dos países incluem o manejo básico do câncer em seus serviços de saúde financiados, enquanto apenas 28% abordam cuidados paliativos. Serviços relacionados ao câncer de pulmão eram de 4 a 7 vezes mais propensos a serem incluídos em países de alta renda, e a radioterapia era quatro vezes mais provável de ser coberta.

O relatório conclui que, apesar dos avanços no diagnóstico precoce e tratamento, a disparidade persiste e apela à ação imediata para abordar as desigualdades globais no tratamento do câncer.

 

Por Vithor Laueano/SBT News
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