Após três dias de debates, a Câmara argentina aprovou, em linhas gerais, uma versão reduzida do pacote de reformas proposto pelo governo de Javier Milei, a chamada “Lei Ônibus”. Antes de o texto seguir para o Senado, os deputados ainda vão discutir cada um dos artigos, a partir da próxima terça-feira.
A aprovação, em geral, foi sobre o que restou do pacote proposto para, de acordo com o governo, modernizar o Estado e desregulamentar a economia da Argentina.
Dos 664 artigos iniciais, apenas a metade continuou de pé, após um acordo com partidos de oposição para viabilizar a vitória parcial de Milei. Muitos pontos do texto ainda podem ser modificados.
Foram retirados capítulos inteiros, como o fiscal – que aumentava impostos – e o político, que alterava regras eleitorais.
O presidente argentino queria privatizar 41 estatais com foco na petrolífera YPF, na companhia aérea Aerolíneas Argentinas e no serviço postal. Da lista, a petrolífera já foi retirada e outras três estatais estratégicas só poderão ser privatizadas parcialmente.
Protestos
Do lado de fora do Congresso, organizações sociais e movimentos políticos de esquerda protestaram e acabaram entrando em confronto com as forças de segurança durante os três dias de debates.
Sete agentes e dezenas de manifestantes ficaram feridos. Oito foram presos. O grupo tentou bloquear as ruas ao redor do Parlamento, mas interromper o trânsito tornou-se uma proibição desde que Milei chegou à presidência. Só é permitido protestar em praças, esplanadas e calçadas.
Superpoderes ao presidente
Além das privatizações de estatais, outros pontos de maior relutância entre os opositores são a possibilidade de o governo emitir dívida externa sem a aprovação do Congresso e a concessão de poder do Legislativo ao Executivo.
Para governar sem precisar do Congresso, Milei queria uma espécie de “superpoderes” em onze áreas. Aceitou diminuir a seis, mas a oposição ainda resiste em algumas matérias, como tarifas públicas e segurança.
Esse tipo de concessão não é uma novidade na Argentina. O congresso já transferiu “superpoderes” aos ex-presidentes peronistas Néstor Kirchner, Cristina Kirchner e Alberto Fernández. Desta vez, a resistência da oposição foi tão grande que fez com que esta sessão entrasse para a história como a mais longa da Câmara dos Deputados.
E os debates ainda não terminaram. Depois da aprovação em geral, começam as discussões sobre cada artigo, em particular. só então, o pacote – já bastante desidratado – seguirá ao Senado.
Por Márcio Resende/SBT News
Foto: Reprodução
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