Na Comunidade Lago do Ajudante, situada no município de Oriximiná, no Oeste do Pará, mora a jovem Ana Ruth de Souza, de 20 anos. Em 2023, ela decidiu retomar os estudos. Com muita força de vontade e superando desafios, participou do Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), destinado a pessoas que não concluíram os ensinos Fundamental e/ou Médio. Toda essa determinação foi recompensada com a aprovação, revelando a vitória de uma batalha não apenas acadêmica, mas também pessoal.
A jovem representa o sucesso conquistado por meio do projeto “Educação pelo Trombetas”, desenvolvido pela Mineração Rio do Norte (MRN), em parceria com o Centro de Estudos Sociais Interestadual (CESI). Assim como Ana Ruth, outros 86 alunos participaram da iniciativa, integrando a modalidade Elevação de Escolaridade, que oferece um curso preparatório para estudantes e/ou trabalhadores que não concluíram os estudos Ensino Fundamental e Médio no formato regular.
A trajetória até a aprovação não foi fácil. Durante o processo, ela cuidava de uma criança de colo e pensou em desistir várias vezes. Com apoio dos professores do projeto, ela seguiu em frente e hoje comemora sua aprovação. “Muitas pessoas acham que não vão ter a oportunidade de concluir o ensino fundamental ou ensino médio e desacreditam disso (aprovação). Tudo é uma questão de apoio. Quando muita gente dizia que eu não ia passa, recebi apoio dos professores dizendo para não desanimar e me inscrever. Estou feliz por ter passado de primeira”, comemorou a jovem.
Ana também elogiou o plano que ajudou também na preparação para o Encceja de outras pessoas da comunidade em que mora. “A gente contou com qualificação e com professores disponíveis para dar aula, ensinando como funcionava o processo seletivo. Esse projeto nos dá grandes oportunidades. Muitas pessoas não têm condições financeiras de ir para a cidade grande, e a iniciativa nos ajuda com isso. Como foi minha primeira vez participando do Encceja, eu fiquei admirada e orgulhosa de mim mesma por ter conseguido passar. Se temos um objetivo, é preciso lutar por ele”, completou.
As comunidades quilombolas Abuí, Serrinha e Boa Vista (Trombetas), do município de Oriximiná, também integram o “Educação pelo Trombetas”, junto com comunidades rurais das cidades de Faro e Terra Santa. Valdirene da Silva, de 26 anos, também é moradora da Comunidade Lago do Ajudante e comemorou a conclusão do Ensino Médio por meio do Encceja. “Com esse projeto nós podemos ver a importância da educação para nossas vidas. Nunca é tarde para jovens e adultos voltarem para sala de aula e buscarem uma formação”, garantiu.
Iniciativa que transforma vidas
O projeto “Educação pelo Trombetas” começou em 2022 e alcançou, de junho daquele ano a dezembro de 2023, o total de 368 alunos, distribuídos em 28 turmas, com 4720 horas de carga horária em cursos como Panificação, Corte e Costura, Condutor de Carro de Emergência, Bombeiro Civil e outros. A iniciativa atua nos eixos “Elevação de Escolaridades”, “Cursos Livres e Formação” e “Qualificação Profissional”, com o objetivo de gerar renda, seja preparando as pessoas para vagas oferecidas pela MRN e empresas da região ou para terem seu próprio negócio.
“A educação é o que permite a mobilidade social e também a mobilidade econômica. Quando a gente coloca a educação nessa mediação, criamos um futuro melhor. Trazer para a sala de aula, na comunidade, alunos que estavam fora do processo educacional, garantimos o sentimento de pertencimento, de proteção e isso faz com que eles fiquem ligados às regras e motivados no trabalho coletivo. Além da certificação dos ensinos médio e fundamental, nós acreditamos que estamos tirando ali uma barreira que tira oportunidades desses nossos alunos no mercado de trabalho”, destaca o professor voluntário do CESI, Marcelino Conti.
Segundo Marcela Acioli, coordenadora local do CESI, todas as atividades do projeto levam em consideração as particularidades de cada aluno e comunidade, incentivando ao máximo a participação dos moradores locais nesta iniciativa. “O diferencial desse projeto tem sido essa relação interativa e em concordância com a comunidade, na forma de compor as turmas e os horários, além de valorizar a equipe de capacitação com profissionais locais e despertar a cidadania a partir do empoderamento do comunitário”, comentou.
“O ‘Educação pelo Trombetas’ tem sido um importante instrumento de inclusão social e geração de renda para as comunidades da região. Estamos muito felizes com os resultados e continuaremos trabalhando para ampliar o alcance da iniciativa, que tem um formato diferenciado, mais próximo da realidade das comunidades”, declarou Jéssica Naime, gerente de Relacionamento e Responsabilidade Social Corporativa da MRN.
Para 2024, está prevista a continuidade dos cursos ofertados no ano passado e a oferta das novas atividades, atendendo demandas das comunidades próximas.
Fonte: REDEPARÁ
Foto: Benigna Soares
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