O governo da Rússia disse nesta sexta-feira (09/02) que a demissão do chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhnyi, “não mudará o curso” da guerra, que completa dois anos no próximo dia 24 de fevereiro.

A declaração foi dada pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, um dia após a substituição de Zaluzhnyi por Oleksandr Syrskyi, em meio ao fracasso da contraofensiva de Kiev para reconquistar territórios conquistados pela Rússia.

Zaluzhnyi é uma figura bastante popular na Ucrânia por ter conseguido conter o avanço das tropas russas na maior parte do país, porém suas diferenças com o presidente Volodymyr Zelensky cresceram nos últimos meses.

A distância entre os dois ficou evidente no fim do ano passado, quando Zaluzhnyi admitiu em entrevista que a guerra havia chegado a um “impasse”. Apesar disso, Zelensky conferiu ao general demitido o título de “herói da Ucrânia” por seus “excepcionais serviços na proteção da soberania e da integridade territorial” do país.

O presidente classificou Syrsky como “o comandante ucraniano mais experiente” e lembrou que ele foi responsável pela defesa bem-sucedida de Kiev no início da guerra e depois uma ofensiva bem-sucedida no outono de 2022 na região de Kharkiv.

“Espero tais mudanças nas Forças Armadas da Ucrânia em um futuro próximo: um plano de ação realista e detalhado para as Forças Armadas da Ucrânia para 2024 deve estar sobre a mesa. Tendo em conta a situação real no campo de batalha agora e as perspectivas”, acrescentou Zelensky.

 

Risco ucraniano 

A demissão de Zaluzhny marca uma nova etapa em que o líder ucraniano corre risco de cometer um erro, escreve a The Economist.

Para a revista, a demissão ocorreu em parte por causa da popularidade de Zaluzhny no Exército ucraniano e em geral entre os cidadãos do país.

A Economist destaca que um dos riscos para Zelensky é a insatisfação do Exército da Ucrânia por causa da demissão do seu comandante popular. O general Aleksandr Syrsky, que foi nomeado para o lugar de Zaluzhny, tem a reputação de “estar pronto para entrar em combate, mesmo que o preço em pessoas e equipamentos seja alto”, diz a publicação.

“Esta é uma figura controversa que provoca uma reação agitada entre os oficiais da ativa. Alguns elogiam seu profissionalismo, enquanto outros dizem que ele aterroriza seus subordinados e comanda através do medo. Não acho que ele vá questionar as prioridades do seu presidente [Zelensky]. Quando ele assumir esse alto cargo, terá que suavizar seu estilo de comando e aprender a dizer a verdade às autoridades”, detalhou a revista.

 

Fonte: Opera Mundi
Foto: Governo da Ucrânia