Após a ordem do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para a evacuação de civis em Rafah, na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito, a fim de uma incursão militar, o grupo palestino Hamas ameaçou, neste domingo (11), que “qualquer ofensiva terrestre israelense na região pode acabar com as negociações para libertar os reféns”, segundo a emissora Al-Aqsa.
De acordo com a emissora catari Al Jazeera, a afirmação foi feita por um dos líderes do grupo palestino após 25 pessoas morrerem e dezenas ficarem feridas em um bombardeio israelense que atingiu um prédio residencial em Rafah.
“Netanyahu quer que a guerra continue para se manter no poder e não quer perder sua coalização de direita. Ele deseja seguir lutando até as eleições norte-americanas de novembro para que Trump ganhe”, acusou Mohammed Nizal, uma figura importante do Hamas.
Por sua vez, Israel declarou que as operações em Gaza possibilitam um “acordo realista” pela libertação dos reféns, contrariando o posicionamento do Hamas.
“O aprofundamento das operações em Gaza nos ajuda a aproximar de um acordo realista para o regresso dos reféns. Entramos no coração dos locais mais sensíveis do Hamas e estamos usando a sua inteligência contra eles”, declarou o político, convicto de que o grupo palestino concentra-se agora em Rafah.
Ofensiva em Rafah
Netanyahu ordenou neste sábado (10) que as forças de ocupação israelenses elaborassem um plano duplo para evacuar os civis palestinos da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, a fim de combater militantes do Hamas na região.
“É impossível atingir o objetivo da guerra sem eliminar o Hamas. Pelo contrário, está claro que a intensa atividade em Rafah exige que os civis evacuem as áreas de combate”, disse o gabinete de Netanyahu em um comunicado.
“Portanto, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou que o exército israelense e o estabelecimento de segurança apresentassem ao Gabinete um plano combinado para evacuar a população e destruir os batalhões”, finaliza o documento.
A declaração, emitida dois dias depois que Netanyahu rejeitou uma proposta de cessar-fogo do Hamas que também previa a libertação de prisioneiros de guerra mantidos pelo grupo palestino, não forneceu mais detalhes.
Pressão contra ofensiva
O anúncio da evacuação veio após grande pressão sobre seu gabinete pela decisão de ataque a Rafah, uma cidade em que mais da metade [1,4 milhões] dos dois milhões de palestinos deslocados já se refugiaram após as ordens de evacuação dadas por Israel, muitos deles encurralados contra a cerca da fronteira com o Egito e vivendo em tendas improvisadas.
A pressão partiu inclusive do maior aliado de Israel na guerra, os Estados Unidos. O presidente norte-americano Joe Biden, disse que a resposta de Israel aos ataques de 7 de outubro da resistência palestina foi “exagerada”, afirmando que não apoiaria nenhuma operação militar lançada em Rafah sem a devida consideração pelos civis.
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, também alertou sobre as consequências de uma ofensiva terrestre do Exército israelense contra o sul da Faixa de Gaza.
Aboul Gheit assegurou que forçar estes cidadãos a fugir de Gaza para o Egito é uma violação do direito internacional e, além disso, ultrapassa as linhas vermelhas da segurança nacional, denunciando uma “política de limpeza étnica” de Israel.
Os planos para deslocar centenas de milhares de pessoas, refugiando-se ali como último recurso face a ataques indiscriminados, constituem uma séria ameaça à estabilidade regional, afirmou o responsável por meio de um comunicado.
Representando a UNICEF, a diretora executiva, Catherine Russell, disse que os civis em Rafah devem ser protegidos, pois não têm para onde ir.
“Rafah é um dos lugares mais densamente povoados do mundo, repleto de crianças e famílias, algumas já deslocadas muitas vezes pela guerra em Gaza”, disse ela por meio das redes sociais.
“Cerca de 1,3 milhão de civis estão encurralados, vivendo nas ruas ou em abrigos. Eles precisam ser protegidos. Eles não têm nenhum lugar seguro para ir”, acrescentou Russell.
Já grupos de ajuda humanitária disseram que haveria um alto número de mortes de palestinos se as forças israelenses invadissem Rafah e alertaram sobre a crescente crise humanitária na cidade.
Apesar das críticas, em entrevista à ABC (American Broadcasting Company), Netanyahu rejeitou os apelos para que o país evite uma ofensiva militar em Rafah.
“Aqueles que dizem que sob nenhuma circunstância devemos entrar em Rafah estão basicamente nos dizendo para perdermos a guerra ou manter o Hamas por lá”, disse o chefe de governo.
Fonte: Opera Mundi
Foto:FDI/Twitter
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