A diferença de salários entre homens e mulheres é um dos problemas contemporâneos da nossa sociedade. Mas, nos esportes, o problema consegue agravar-se ainda mais. A discussão de igualdade passa por fatores adicionais como a falta de visibilidade e apoio ao feminino, por exemplo. O ala Michael Porter Jr, por todos esses “detalhes extras”, não apoia o discurso de emparelhamento entre os salários da NBA e WNBA.

“Eu vejo os argumentos dos dois detalhes, para começar. Sei que as mulheres desejam ganhar mais e são muito talentosas. Mas, até aí, um famoso jogador de tênis de mesa também é. É tão talentoso, aliás, quanto o melhor jogador da NBA. Não quer dizer, no entanto, que ambos devam receber o mesmo. Tudo gira em torno, afinal, do que as pessoas querem assistir”, ponderou o titular do Denver Nuggets.

O salário dos jogadores nas grandes ligas estadunidenses, antes de tudo, dependem da geração de renda. E, em um nível mais específico, dos acordos coletivos acertados com os mandatários de equipes. Quanto mais consolidada e rentável é a liga, para resumir, melhores são as condições dos jogadores. Porter crê que as jogadoras devam receber mais do que hoje, mas longe do patamar da competição masculina.

“Entendo que as mulheres queiram receber um tratamento igual aos homens, mas são esportes diferentes. Elas não lotam arenas e, além disso, o acordo de transmissão da televisão não é igual. Sinto que, de fato, elas deveriam receber um pouco mais do que os valores atuais. Mas, por mais que acredite em igualdade e respeite a WNBA, não dá para pagar-lhes os nossos valores”, concluiu o atual campeão da NBA.

 

 

Não é bem assim

Imaginar atletas da WNBA recebendo salários na faixa dos US$30 milhões anuais – como Michael Porter na NBA – é uma utopia. Trabalhar com essa noção de igualdade, por enquanto, não é possível. Mas, na verdade, nem é isso que as jogadoras querem. Kelsey Plum afirmou que essa é uma compreensão errada, em particular, entre os homens. Elas miram as mesmas condições da NBA no acordo coletivo de trabalho.

“A discussão sobre os salários iguais é um equívoco comum. Não queremos os mesmos valores que os homens recebem, em primeiro lugar. Desejamos as mesmas condições, ou seja, a mesma porcentagem das rendas no acordo coletivo. Na NBA, tudo é dividido entre jogadores e donos de times. Então, vai de dinheiro do contrato de televisão até uma camisa vendida. Não é assim conosco”, esclareceu a estrela.

 

Plum explicou que, hoje, o acordo das jogadoras com a WNBA é simplesmente injusto. E, acima de tudo, isso independe do gênero em discussão. “Eu não acredito que deva ganhar o mesmo salário de LeBron James, certamente. No entanto, hoje, não recebo um centavo também se vendem uma camisa minha por aí. Essa é a diferença que não achamos justa”, exemplificou.

História

As condições de negociação de ligas e atletas, no entanto, levam em conta outro fator: a história. A atuação dos pioneiros da NBA na formação da Associação dos Jogadores, por exemplo, foi fundamental para que os benefícios atuais tenham sido alcançados. É uma questão que só o tempo pode construir. A WNBA quer pegar atalhos na evolução social dos EUA, mas sabe que a trilha ainda é longa.

“A WNBA é uma liga jovem, de 25 anos, enquanto a NBA caminha para um século de existência. Então, há um caminho para percorrermos. O meu objetivo é, quando me aposentar, deixar a nossa liga em uma condição bem melhor do que encontrei. Se precisar me sacrificar hoje para que alguém possa ser tratada de maneira justa no futuro, eu estou disposta a isso”, finalizou Plum.

Fonte: Jumper Brasil
Foto: Getty Images