Os gastos militares globais registraram um crescimento de 6,8% em 2023, quando comparado ao ano anterior, atingindo US$ 2,4 trilhões. A cifra, divulgada pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri) nesta segunda-feira (22), é a maior já contabilizada em 60 anos, representando o 9º recorde consecutivo.
Pela primeira vez desde 2009, as despesas militares aumentaram em todas as cinco regiões geográficas definidas pelo Sipri, sobretudo na Europa, Ásia, Oceania e Oriente Médio. Segundo os dados, os Estados Unidos seguem liderando o ranking de orçamentos militares, com US$ 916 bilhões – um aumento de 2,3% na comparação com 2022.
Em seguida aparece a China, que destinou US$ 296 bilhões para as forças armadas em 2023 (alta de 6%). A Rússia vem logo em seguida, que, devido à invasão na Ucrânia, elevou os gastos militares em 24%, totalizando US$ 109 bilhões – o que representou 16% dos gastos totais do governo russo no ano passado.
Além da Ucrânia, que aumentou o orçamento militar em 51% (US$ 64,8 bilhões), a guerra também impactou países europeus e ocidentais, que decidiram elevar os níveis de segurança. Ao todo, os 31 membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) responderam por 55% dos gastos militares mundiais, com US$ 1,3 trilhão.
Houve ainda o aumento da tensão no Oriente Médio, que resultou no crescimento significativo de orçamentos militares. Israel, que está em guerra contra o Hamas desde outubro de 2023, por exemplo, aumentou os gastos militares em 24% desde o início da ofensiva na Faixa de Gaza, totalizando US$ 27,5 bilhões em 2023.
Já na América Central e no Caribe, os gastos subiram devido ao crime organizado. Na República Dominicana, o orçamento aumentou 14% em resposta ao agravamento da violência de gangues no Haiti – país vizinho. Na América do Sul, o Brasil subiu 3,1% nos gastos militares (US$ 22,9 bilhões), mas caiu duas posições, ficando em 18º.
O crescimento consecutivo dos gastos com defesa é visto com preocupação pelo pesquisador do Programa de Gastos Militares do Sipri, Nan Tian. Segundo ele, esse aumento sem precedentes é uma resposta direta à deterioração global da paz e da segurança. “Os Estados estão priorizando a força militar, mas correm o risco de uma espiral de ação e reação no cenário geopolítico e de segurança cada vez mais volátil”, disse.
Por Camila Stucaluc/SBT News
Foto: Reprodução
Comentários